20 agosto 2010

"Tâmo" emburrecendo?

Nós Consultores estamos cada vez mais em dúvida. Com a atual avalanche de estímulos via Internet - blogs, tweeters, “faces” de toda a ordem e com o Google dando todas as cartas -, vem-se levantando uma preocupação, cada vez mais crítica, de parte dos trabalhadores intelectuais mais bem antenados.

Dúvida antiga. Já o criador primeiro do nosso atual computador - o inglês Babbage –, questionado há 150 anos, na Câmara dos Comuns , respondeu singelamente: “Já me perguntaram se ao colocarmos informações erradas na minha máquina ela as corrige ... e, francamente, não sei! “

O que já se sabe é que cada vez se lê menos, e os livros tradicionais jazem, cada vez mais empoeirados, empilhados nas estantes. E o cinema, a televisão e os broadcastings, acompanhando a moda, cada vez mais reduzem seus parágrafos, fotogramas e mensagens – reduzindo o tempo de exposição e, com isso, nossa capacidade de avaliar e pensar criticamente.

Pior ainda, com a ausência de um filtro inteligente e eficaz para essa montanha de dados, fustigados pela rapidez e intensidade dos mesmos, tendemos não formar conclusão alguma – justo ao contrário -, a concluir por uma síntese simplificadora e superficial, aceitando como verdade o que nos é sub-repticiamente repetido e enfatizado com a veemência e presunçosa certeza dos mais espertos.

Mas, afinal, já sabiamos disso, desde a velha Roma de Cícero - que repetia e repetia quão malvado era o seu inimigo Catilina - passando pelo caricato Goebels , que transformava em verdade qualquer reiterada e insistente mentira.

Com tanto barulho, estamos, pois, emburrecendo? Depende. Os apaixonados pela modernidade dizem que, absolutamente não: informação sempre é bom! Já alguns outros, mais tradicionais, assinalam e até comprovam os resultados pouco inteligentes dessa algazarra toda.

No entanto, talvez reste agora ainda uma esperança, com os e-books vindo por aí,restabelecendo - quem sabe?- a hegemonia antiga do lentamente virar das pagina, das anotações e marcações nas margens e até, quem sabe, o tatear quase voluptuoso dos encadernados.

Desse modo, enquanto eles não chegam e até comprovarmos suas consequências, quem sabe vamos recomendando, por enquanto, como Consultores mais antigos e avisados que nossos clientes reduzam a impiedosa supremacia dos Sistemas de Informação computorizados, restabelecendo o primado da intuição criadora, ao tempo que, pensando um pouco mais e correndo menos - tal qual a famosa tartaruga da fábula -, acabem eles, aí sim, ganhando a corrida....

Paulo Jacobsen é Professor e Consultor Organizacional.