28 setembro 2009

Aguardar um líder ou construir o nosso destino?

Quem conduz? Procuro os líderes da vez e suas facetas? Atenho-me aos programas de desenvolvimento? Arrisco-me aos livros encimados pelo tema? Recorro aos filósofos de passado remoto e recente? Examino os líderes das religiões, das guerras, os governantes e seus milagrosos planos econômicos, desde Hamurabi, Diocleciano, e os nossos que estupraram a confiança nos governantes, levando-os da aclamação à vaia homérica e pior ao desinteresse pela carreira política, ao exercício sadio da liderança, que já vinha dilacerado por dois regimes ditatoriais, com intervalo de 20 anos?
Quantos exemplos não afloraram? Pesquiso os biografados, de momentos históricos tão díspares, de países, sistemas de governo e organização econômica distintos? Percorro os personagens dos clássicos? Analiso os recentes dos esportes? Ou ao contrário busco vir à memória idéias e ilusões?
Liderança de sintonizar com os grupos, em determinadas situações, a fim de atingir, num esforço coletivo, metas e objetivos comuns.
Pressupõe líder e liderados alinhados? Que compreendem realmente o seu papel?
Entusiasmam-se pelo que fazem? Ou vão passando...
Ontem e hoje, que história de sucesso de líderes resiste vinte anos à frente e será capa outra vez de prestigiosa revista de negócios?
Que modelo / estilo pode ser importado e aplicado diretamente nas veias das organizações assemelhadas nos países centrais ou pior nas de países periféricos?
E que substitutos similares ou genéricos dispensam bons diagnósticos que os adaptem à organização receptora, enquanto não desenvolvemos modelos que correspondam a nossa miscigenação pessoal e organizacional, sem desafinar?
Há pouco, insistiu um aluno que queria porque queria um modelo de Liderança para as organizações. Tentei em vão explicar que o modelo, a forma, a maneira, vem após o diagnóstico, pois não há um só modelo que atenda a todas as organizações e a todas as situações. Os momentos, as estruturas, as missões, são dessemelhantes. Acho que ficou frustrado, pelo semblante enfezado. Que desfaçatez! Paguei para não obter de uma vez por todas a solução para todas as organizações. Queria a verdade absoluta por uma inscrição no Curso! Mas o mau começo nos estudos pasteurizados por professores preguiçosos, agravado na infância pela exposição excessiva a programas de TV e da internet, sem diálogo com os pais, espalha a obediência cega a manuais e despreza de vez o provocar, educar a enxergar, filtrar os problemas e a destrinchá-los. Não pensam, copiam.
Assim, no século XXI, de vidas não bem vividas, lancetadas ao frescor da entrada nos enta , os pais não se constituem mais referência - sair a alguém da família- para os jovens.
Aquela medalha de 25 anos de trabalho ininterrupto, sem faltas, numa só empresa, virou peça de leilão para ser arrebatada como raríssima antiguidade.
No ambiente organizacional, com a agitação quotidiana sem rumo, ausência de qualquer identificação com os bens e serviços, tão diferente dos artesãos, e de quando a mão de obra incidia com mais peso no preço final, com a imagem e o logomarca transitórios, somos colegas ou competidores?

Empresas, academia e consultores, responsáveis pela implantação de programas de enxugamento da mão de obra, por que agora não apresentam, antes que seja tarde demais, programas que, com início no ensino médio, ou antes, desenvolvam interesse na autorealização no trabalho e não no emprego? A expectativa de vida aumentou e hoje ultrapassa os 80. O que iremos fazer nos anos que restam? Aguardar um líder ou construir o nosso destino?

Luiz Affonso Romano, CMC, presidente do IBCO, professor dos cursos de Caacitação/ Formação em Consultoria

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