27 abril 2009

O Conselheiro




Conselheiro? Fiquei pensando que tipo de Conselheiro gostaria eu de ser para os que agora se iniciam profissionalmente, num ambiente de emprego escasso, de laços frouxos de pertencimento, fios frágeis para conter solidariedade humana e profissional, enfim,da perda da confiança nas organizações.

Assim, lembrei-me do Conselho dos Dez, que ocultos, embuçados e em reuniões misteriosas e secretas decidiam os destinos da aristocrática Veneza do Renascimento... Ora, esse Conselheiro nada a ver comigo!

E o Conselho dos 500, que teoricamente "mandava e desmandava", mas, até pelo número e ausência total de autêntica representatividade, simplesmente desapareceu no turbilhão da Revolução Francesa? Também não gostaria de fazer parte disso...

Então, quem sabe membro de um Conselho de Guerra? Ou do Conselho de 1919 para acabar com todas as guerras. Enfim, os que não souberam identificar os problemas reais, os que nada tinham para ou poder dizer.

Foi aí que, procurando uma postura mais útil e até mais justificável, lembrando-me desses meus 30 anos exercendo ininterruptamente a Consultoria, envolvido com a gestão de Empresas e com os mais diversos estilos e responsabilidade do Consultor, acabei por escolher a postura mais discreta e mais pertinente, a de, simplesmente, oferecer alguns conselhos para os graduandos, que optam pela Consultoria como contraponto ao enxugamento do emprego formal, às vezes rotineiro e mecânico.

O primeiro, para os futuros Consultores, é que bem mais importante que resolver problemas dos clientes-empresas é ajudá-los a definir qual o real problema; dessa definição correta depende, pelo menos, uns 80 % ou mais de uma solução efetiva do problema. Aprenda a fazer perguntas e só depois apresente suas respostas.

E aí já vem um segundo conselho: se você seguir a sugestão anterior, irá cedo descobrir, as mais das vezes, que o principal problema da empresa é alcançar seus objetivos, mas que, feita uma pesquisa meticulosa e consistente, você acaba por descobrir que o pessoal não sabe bem quais seus objetivos prioritários ou, ainda pior, as opiniões divergem segundo a pessoa consultada. É que a maioria não conhece os objetivos da empresa. Como não sabe onde guardam o código de Ética e por quanto tempo permanecerá na empresa. Vivem às apalpadelas. Os que sabem, viciados na rotina, não percebem os ajustes necessários para mudar a rota, desviando-a da onda mais alta da crise. É que, tal qual o peixe, não conhecem o mar. Vivem nos seus mares.

Agora, nosso terceiro conselho, para os consultores, já que, disse alguém bem sábio "Onde estiver o vosso tesouro, aí está vosso coração".
Oxalá tenham sucesso!


Luiz Affonso Romano Presidente do IBCO e membro do Conselho Consultivo da FGV Jr